A "peça de luz" desenvolvida como abajur levou em consideração o objetivo de montar um objeto que distribua, filtre ou transforme a luz, e que fosse estruturada de maneira modular, a partir de itens comuns de modo ressignificar  sua forma . Além disso, o trabalho foi integralmente apresentado no Museu da Cadeira Brasileira, sediado próximo à Praça da Liberdade em Belo Horizonte  no casarão de 1909 arquitetado por Edgar Nascentes Coelho – responsável por alguns símbolos arquitetônicos da capital, como o Prédio do Instituto de Educação e a Igreja Matriz São José – . Fazendo assim, com que minha escolha de formas seguisse de alguma maneira as características do espaço arquitetônico.

Com base nisso foi decidido que a luminária seria feita a partir de um reaproveitamento de partes de uma grade de ferro fundido, retirada em 2011 de uma antiga casa da rua Três Pontas, em Belo Horizonte, durante uma obra de demolição. Após a aquisição, a grade foi mantida original até a manipulação para o presente trabalho, que se seguiu com um desmembramento das peças e seleção de partes julgadas interessantes.  Com as formas já soltas e com uma proposta de reorganização através da rotação,  do rebatimento e repetição delas, o material foi lixado, soldado, envernizado e as partes elétricas instaladas.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A conclusão deste trabalho é a parte final integrante do processo de estudos de formas no espaço, antes, em um espaço bidimensional e neste em um espaço tridimensional. De  modo que a organização permite a construção da complexidade, que particularmente me surpreende. Uma visão crua de objetos elaborados fazem com que um objeto seja inimaginável, e o entendimento dos processos de composição permite excepcionalmente o entendimento de que desenho de formas se dão por meio processual e não instantâneo. Deste ponto vem meu contentamento com os trabalhos de PPF II que construíram de modo significativo e desafiador um conhecimento sobreposto que se mostra complexo, agora com o projeto final. E desafiador, dada a dificuldade técnica exigida nas montagens das partes figurativas e como dada a necessidade de ligação de conteúdos  muitas vezes subjetivos, fazendo parte da intenção mais complexa da disciplina: o treino do olhar. Outro ponto que ressalto é a ressignificação das formas, que tomou parte central da minha obra, não só do ponto de vista estrutural, como de um objeto que seria descartado ou vendido apenas pela sua matéria prima, como a grade utilizada. A ressignificação de um artefato como este é a ressignificação de um trabalho e um processo anterior, que me sugeriu uma responsabilidade de se preservar características originais para criar um vínculo com um espaço muito maior onde o objeto foi apresentado.