[ LOOK ] [ SEE ] [ OBSERVE ]
"No seu passeio diário leve uma câmara fotográfica e registe um pormenor da rua no qual nunca tenha reparado e outro do local mais distante da sua casa."
Um passeio diário, um pormenor.
Armamar
03.04
04.04
05.04
06.04
07.04
08.04
09.04
10.04
11.04
12.04
13.04
14.04
15.04
16.04
Um passeio diário, um pormenor.
Porto
28.05
29.05
30.05
31.05
01.06
02.06
03.06
04.06
05.06
06.06
07.06
08.06
09.06
10.06
11.09
Na obra “World of Details”, Viktoria Binschtok mistura pormenores fotografados nas ruas de NY com imagens retiradas do Google Street View a preto e branco. Esta relação entre imagens captadas por uma câmera presa num tejadilho de um carro e imagens captadas pela artista expõe a principal diferença entre a máquina e o homem: a intencionalidade.
Viktoria balança as perspectivas distantes e elevadas criadas pelo GSV com os pormenores colorizados captados pela sua câmera.
O GSV cria uma falsa ideia de proximidade. Oferece uma abundância de imagens que nos leva a pensar que já tudo foi fotografado, catalogado e colocado à distância dum clique. No entanto, Viktória apresenta-nos uma nova forma de ver o mundo. Apesar de rendidos ao GSV, estas máquinas só nos revelam um tanto. Cabe-nos a nós, procurar os detalhes escondidos nestas imagens, detalhes que chamam por atenção.
Tal como no parâmetro 1, também este (parâmetro 2) se divide em dois momentos distintos.
Um primeiro momento num espaço mais rural (Armamar) e um segundo momento num espaço mais urbano (Porto). Esta separação exalta o contraste (e a falta dele) entre meios rurais e urbanos. Apesar de se conseguir encontrar grandes diferenças entre os dois meios é também possível encontrar parecenças, especialmente quando observamos detalhadamente.
No parâmetro 1, THE ROCKING CHAIR | THE DRAFTING TABLE, existe uma primeira fase em que fotografei a mesma cadeira de balanço ao longo de um período de 9 dias. Apesar deste período de tempo revelar múltiplas variações, existe um sentimento de relaxamento que nunca abandona a cena. Na segunda fase, já no Porto, fotografei o meu estirador durante 9 dias. Se a primeira fase, fotografada em casa numa pequena aldeia rural de Armamar remetia para um sentimento de relaxamento, a segunda fase, fotografada num pequeno quarto, num pequeno apartamento no centro do Porto, remete para um sentimento de caos.
O parâmetro 2, LOOK SEE OBSERVE, realça este contraste entre meios rurais e meios urbanos. Em ambas as fases fotografei um só detalhe em cada passeio diário, alternando entre fotografias a cores e fotografias a preto e branco. Apesar das diferenças óbvias entre os dois espaços, procurei também pelas parecenças que pudessem surgir entre os dois. Existe uma clara diferença entre viver no campo e na cidade, no entanto, no decorrer destes últimos meses compreendi que mesmo dentro de um espaço urbano como a cidade do Porto é possível encontrar espaços que nos remetem para longe do caos da modernidade. Não falo de parques e jardins, mas sim dos locais mais esquecidos da cidade. Ilhas residenciais, lavadouros, linhas de comboio abandonadas. É nestas ruelas que encontramos a resistência. A resistência à modernidade, ao passar do tempo, ao caos... A aceitação da simplicidade como a mais verdadeira forma de felicidade. Aqui constroem-se comunidades que vivem pelas coisas mais simples da vida.
Estes pequenos recantos são a essência do Porto. Uma essência demasiado preciosa para se experienciar através de uma lente.
Se o objetivo inicial era exaltar as diferenças entre os dois meios, percebo agora como serviu para encontrar as parecenças.