“O homem que viaja e ainda não conhece a cidade que o espera ao cabo do caminho, se pergunta como será o palácio real, o quartel, o moinho, o teatro, o bazar." (...)
"Em cada cidade do império cada edifício é diferente e está disposto em uma ordem distinta: mas apenas o forasteiro chega à cidade desconhecida e põe em vista aquele conglomerado de pagodes e sótãos e fardos, seguindo o entrelaçar-se de canais de pomares aterrados, distingue de imediato quais são os palácios dos príncipes, quais os templos dos grandes sacerdotes, a pousada, o cárcere, os submundos." (...)
"Assim – diz alguém – se confirma a hipótese de cada homem leva em sua mente uma cidade feita só de diferenças, uma cidade sem figuras e sem forma e as cidades particulares a preenchem." (...)
"Em Zoe não é assim. Em cada lugar desta cidade se podia sucessivamente..."
"dormir..."
"cozinhar..."
"acumular moedas de ouro..."
"desvestir-se..."
"reinar..."
"vender..."
"e consultar os oráculos."(...)
"Qualquer telhado piramidal poderia cobrir tanto o asilo dos leprosos como as termas das odaliscas. O vilarejo dá voltas e voltas e só tem dúvidas:"
"(...) como não consegue distinguir os pontos da cidade, inclusive os pontos que são diversos se mesclam em sua mente. Disto deduz o seguinte: se a existência em todos os momentos é inteiramente ela mesma, a cidade de Zoe é o lugar da existência invisível."(...)
"Mas então, por que a cidade? Que linha separa o dentro do fora, o estrondo
das rodas do uivo dos lobos?”
