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Lambe-lambes tropicais



Intervenção urbana na Travessa Roque Adoglio, na Vila Anglo Brasileira.

O que separa arte de rua de arte de museu? 

Camila Engel é uma artista visual que nasceu em São Paulo -  cidade onde vive e trabalha sua arte-brasilidade como forma de identidade. Seu trabalho bebe da energia proveniente das estampa de chita, da irreverência do tropicalismo mutante paulista e do que há de mais familiar do nosso artesanato brasileiro. Com traços espontâneos, cores vibrantes inspiradas nas nossas feiras e carnavais de rua e uma pitada de humor, estampa nos mais diversos objetos e locais seu orgulho em ser brasileira.

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Em 2019, visitas a museus no Brasil cresceram 61% em relação ao ano anterior, dadas as tensões políticas, culturais e sociais sendo atravessadas. Apesar do crescimento, a maior parte dos visitantes (82%) são de classe média-alta. A maioria da população não tem verba extra para garantir suas necessidades básicas e muito menos visitar museus.

A arte tem potência de gerar diálogo amplo e trazer questionamentos – mas como transcender essa potência além das salas de museus para o cotidiano das pessoas? Como criar novos pontos de contato pelos caminhos que as vezes esquecemos de parar para olhar e, ao mesmo tempo, fazê-lo de forma integrada com a paisagem da cidade? ​​​​​​​
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Nasceu então a intervenção urbana na travessa Roque Adoglio. Graças ao acervo digital extenso, em alta qualidade e de uso ilimitado de obras do Rijksmuseum® de Amsterdam (para ver mais, clique aqui) pude imprimir obras de arte holandesas, que conversam tanto com meu estilo quanto com a nossa história brasileira, reinterpretadas pela lente do meu olhar artístico através de pinturas criadas exclusivamente para os quadros em questão.

Quatro intervenções em lambe-lambe e tinta acrílica serviram para testar, pela primeira vez, como o AtelIê Lhama se comporta com arte na rua. Temas brasileiros, bichos e frutas, pinceladas rápidas e cores vivas interagem tanto em paisagens pulsando graffiti quanto com quadros de séculos passados de artistas renomados como Van Gogh e Frans Jansz Post, pintor do renomado quadro Vista de Olinda, Brasil (1662). Ao lado das intervenções foram colocadas placas de identificação da obra e dos artistas, além de um QR code que direciona para o site do museu, onde o público pode fazer o download e entender mais informações sobre as obras.

A intervenção inicial foi feita na Travessa Roque Adoglio, na Pompéia, São Paulo, uma rua que conecta o bairro e suas pessoas, motos, catadores de lixo, grafiteiros e artistas, blocos e que tem muita vida para pulsar. 



Quadros utilizados para lambe-lambes do acervo online
do Rijksmuseum® de Amsterdam:
Autorretrato, de Vincent van Gogh, 1887
O mercado de vegetais, de Hendrick Martensz. Sorgh, 1662
Natureza morta com flores, Balthasar van der Ast, c. 1625 - c. 1630
Vista de Olinda, Brasil, Frans Jansz Post, 1662

intervenções artísticas:
Camila Engel

direção artística:
Camila Engel 

fotografia:
Vitória Mantovani

Lambe-lambes tropicais
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