Maria Vilela's profile

Once erasmus, always Erasmus

26/12/2019
Estou prestes a apanhar o voo em direção a Varsóvia onde um autocarrozinho com destino a Lublin me espera. 2019 deu-me uma nova casa, vivi em 2 países, pus os pés em 9, fiz couchsurfing e andei à boleia. Confiei em estranhos, no destino, na vida. Visitei Varsóvia com pessoas que conheci num avião e dormi numa pizzaria de pessoas da Albânia no meio da Eslovénia. 
Quase fiz uma tatuagem na casa de um rapaz em Estocolmo mas o que é que isso interessa? Não é de quases que esta vida se faz. É das certezas, acho que este ano me ensinou isso. Estou farta de quases, do que podia ter sido. Erasmus veio mostrar-me que o que interessa é o agora, as pessoas que estão connosco agora, onde estamos agora, o que estamos a sentir agora. Nada é eterno e está tudo bem, a eternidade nem existe. Vivemos um dia de cada vez, a ignorar o facto das pessoas que são casa hoje estarem espalhadas por o mundo amanhã, amamos sem medo e sem pensar nas consequências e nada é tão bonito. 
Sei que estou no caminho para me tornar a pessoa que a Maria de 10 anos achava que tinha dentro dela. Que claramente continua por cá. Aprendi que sou mesmo o meu próprio lar, que encontro conforto nos recantos do meu ser e que não fui feita para caber em 4 paredes, que não devo conter a minha intensidade por nada nem ninguém. 
Ainda não sei marcar viagens com antecedência, desligar o telemóvel quando estou bêbada ou calar-me quando devo, continuo a esquecer-me de tudo e a não saber dançar nas discotecas mas agora até parece que gosto de espanholada e berro se vir qualquer coisa que me relembre Portugal, faço chá quando fico doente e adoro cozinhar, ando de metro sozinha por cidades desconhecidas de madrugada e faço viagens de 15 horas como quem faz de 3. Vou e não penso muito nisso. Vou e vou só. 
Vivi muito nestes 3 meses. Conheci pessoas que me fizeram perceber o porquê de tantas conexões não fazerem assim tanto sentido, que o mundo é enorme e que há muita gente por aí. Conheci-me a mim do outro lado. Do outro lado da Europa, do outro lado do medo. 
Viver a saber que acaba é mutuamente assustador e fascinante e, por mais que esteja a tentar segurar o tempo, está a passar a voar. 
Falta um mês e meio mas é aí que os clichês entram em ação: uma vez erasmus, sempre erasmus.
Once erasmus, always Erasmus
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