"Daqui Prácoli" é o nome de um conjunto de obras.
Uma performance, três desenhos, três esculturas e um vídeo. Este trabalho foi feito para intervir na abertura da Galeria ALGA - Algarve Gallery of Arts, Lagos, com a Exposição coletiva " Dinosaurs never used Microblading and look what happened to them?" e basea-se nas recentes alterações que foram feitas no espaço até este se tornar uma galeria de arte. 

"A intervenção neste espaço parte do que este era antes, um salão de estética composto por duas salas, permanecendo uma e recentemente transformando, a outra, numa galeria de arte. A transição do espaço serve como forma de pensar a relação deste seu novo estado. Nos serviços estéticos o Microblading é uma técnica que aplica de forma semi-permanente pigmento na primeira camada de pele da sobrancelha de maneira a camuflar uma falha. Assim como o salão de estética vira galeria, o Microblading ao fim de algum tempo também muda.

Tal como o sistema de funcionamento de exposições de uma galeria, de tempos a tempos, umas desaparecem para serem realizadas novas. É de alguma forma neste âmbito que esta primeira intervenção centra a sua abordagem. Deixarão os desenhos feitos para esta exposição de existir (assim como os dinossauros) quando se tornarem objetos de exposição, independentemente do meio em que são apresentados? Serão os desenhos, em si, os objetos? Será esta exposição, uma exposição temporária ou uma exposição semi-permanente? Será ainda, o que virá a ser uma galeria, um salão de estética?"

A partir do Microlading, e das questões levantadas com a exposição, foi me incutido um processo formal de pensamento para produção de um trabalho, que consiste nas ideias de semi-permanência e falsificação. A performance, procura, por meio do corpo performista, do objeto (cadeira e tela) e do espaço e do seu meio envolvente (Metropolitano de Lisboa e os seus passageiros), representar e reproduzir, através do desenho, a relação que estes têm com o espaço que partilham. Estar sentado num espaço, mas em movimento, levanta, de forma irónica a ideai de semi-permanência. A ideia de falsificação é levantada por consequência da performance. É a partir dos três desenhos performistas, que, pelas metodologias classicistas de observação e reprodução, que são falsificadas três esculturas. 

Poderão os desenhos acabar por desaparecer quando passam a ser escultura? Estará entre o desenho e a escultura este estado de semi-permanecia, que relaciona sempre um desparecimento do objeto pelo desenho ou do desenho pelo objeto? serão os desenhos apenas uma camuflagem da performance? e a performance à ideia? Serão as esculturas falsificação da ideia ou a ideia falsifica a escultura?