CAPELA
Partindo da premissa de desconstrução de Jacques Derridá, definimos a volumetria da capela desconstruindo duas formas puras retangulares que passavam a sensação de encaminhamento na sua essência. Mantendo a base, foram criadas inclinações nas arestas dos volumes e isto gerou um novo formato de capela, formato esse, que se assemelha na vista lateral às catedrais e seus campanários. A desconstrução também esta presente na lapidação das paredes laterais, essas alterações direcionam internamente o olhar para a abertura superior onde está presente a cruz.
Após análises e pesquisas do terreno de estudo, descobrimos que um dos povos nativos da região era chamado de “povoado JÉ”, estes, possuíam como prática cultural a habitação enterrada. Desta forma, se apropriavam do solo e de todo seu isolamento térmico para se proteger do frio e das intempéries da noite. Da mesma forma, no verão controlavam a entrada dos fluxos dos ventos com a ventilação cruzada que passava por de baixo da cobertura de palha e circulava pela superfície.
A relação religiosa inicia no momento em que o usuário acessa a capela. Logo na sua entrada ele está situado em um ponto de menor cota, fazendo a analogia de “inferno”, logo em seguida ele já é direcionado para um ponto mais alto, analogicamente interpretado como “céu”. Durante esse trajeto o usuário percorre um caminho cercado de água, destinando ao ponto mais alto localizado sobre o espelho d’água. Ao chegar no topo o usuário se depara com um clarão que provém das alturas (”dos céus”) e isso remete ao divino e neste mesmo local em que provém o clarão está presente uma cruz centralizada na abertura.
A religiosidade também está instaurada na “casca” de concreto que dá estrutura e forma à edificação. Esta casca, remete à proteção divina, além disso, faz lembrança aos usuários do padre e a sua batina e o véu da noiva em um casamento, objetos estes, que possuem como função cobrir e proteger o superior, mesma função estabelecida no projeto da capela.