Um assunto que sempre me fascinou, e ainda mais depois que entrei para a área de comunicação, foram os hábitos. Sempre ouvia a frase “o ser humano é um ser de hábitos” e ficava intrigado com o significado que ela poderia ter. Essa sempre foi uma das frases que ficavam ecoando na minha cabeça quando eu deixava os pensamentos à deriva. Até que, no início de 2017, decidi procurar leituras sobre o assunto como forma de aprender, aperfeiçoar a mim mesmo e ajudar aos outros. Então decidi escrever e compartilhar um pouco daquilo que tenho lido, praticado e descoberto esse ano!

Já parou pra pensar o que são hábitos? Hábitos são mecanismos que a nossa mente cria para fazer coisas automaticamente, sem que, necessariamente, precisemos pensar em tudo nos mínimos detalhes. E quando eu digo automaticamente, eu reforço, é automático de verdade!

            Pense em uma ação simples que muitas pessoas fazem todos os dias. Tirar o carro da garagem é um ótimo exemplo de hábito diário. Você não pensa em dar partida no carro, engatar a marcha ré, observar os três espelhos, soltar a embreagem e manobrar, se for preciso, para fora da garagem, você simplesmente senta no banco e a mágica acontece. Talvez você nem lembre que fez isso hoje (mas tenho certeza de que se lembra da primeira vez que tirou o carro da garagem). Não é algo que você precise pensar muito a respeito, ou seja, você já fez estes mesmos movimentos tantas vezes que ele simplesmente saí no automático.

            A anatomia dos hábitos.

            Para simplificar ao máximo, os hábitos possuem dois pilares que sustentam sustentam a sua rotina: o primeiro deles é a deixa, que é o gatilho que ativa a rotina do hábito, e o outro é a recompensa, que é aquilo que sacia o impulso gerado pela deixa. Acordar e beber café é um hábito de milhões de pessoas no mundo todo, normalmente a deixa pode ser o anseio por cafeína, ou o horário que você acorda, ou porque a sua família também está tomando café. A recompensa normalmente é a sensação boa de disposição que a cafeína nos dá.

            Procrastinar é um péssimo hábito do qual muitas pessoas sofrem. Você tem algo importante (e chato) pra fazer, mas você decide primeiro organizar aqueles papeis, depois você resolve checar o seus e-mails (geralmente pela décima vez no dia), depois pensa que é uma boa hora para fazer um lanche, e então você finalmente decide que está tarde demais para fazer esta tarefa importante e é melhor deixar para amanhã. Quando você está procrastinando, meu amigo, você já recebeu a deixa e já está em busca da recompensa da procrastinação: adiar algo que você não quer fazer. E adivinhe: amanhã você fará a mesma coisa!

            Mas nem todos os hábitos são formados por repetição.

            Os hábitos alimentares geralmente funcionam assim: você está de dieta e tudo está indo bem, até que um dia você passa em frente a uma confeitaria cheia de doces lindos e saborosos. Pronto! Você entra, compra 2 ou 3 brigadeiros e come. A recompensa do açúcar te atinge como uma onda maravilhosa de felicidade e você se sente ótimo, cinco minutos depois, quando o sabor dos brigadeiros termina (quando a recompensa termina), você sente culpa e se pergunta porque diabos comeu os brigadeiros. Você criou a deixa, seu cérebro entrou no modo automático e respondeu ao estímulo, e você só retornou ao controle de si mesmo depois da recompensa. Parece ilógico pensar que podemos perder o controle de nossas ações por alguns minutos por causa de hábitos, mas é justamente isso o que acontece! Nosso cérebro obedece uma rotina que você programou e nem mesmo sabia, pois muito provavelmente você nem sabia que isso era possível!

            Você pode lutar contra um hábito e vencer apenas com força de vontade (mas isso já é assunto para um outro dia) mas, normalmente, o modo mais fácil de modificar péssimos hábitos é tentar perceber a deixa, forçar um novo hábito que proporcione a mesma recompensa que o hábito antigo proporcionaria. Essa e a lógica que aprendi, é mais fácil substituir hábitos do que simplesmente ignorá-los.

            Maneiras práticas para a mudança de hábitos.

            A verdade é que não existe uma fórmula para começar a perceber hábitos e muda-los, uma vez que os hábitos podem ter origens muito particulares para cada pessoas.

            Um dos métodos que aprendi para identificar e mudar hábitos funciona assim: você tem o hábito de, no meio da tarde, parar o seu trabalho, ir até a lanchonete e comprar um doce. Na volta, enquanto come o doce, você para pra conversar com alguns colegas de trabalho. Você está engordando e gastando um bom dinheiro com doces todos os dias, então decide que amanhã você não vai mais fazer isso. A melhor maneira para entender o mecanismo deste hábito é encontrar a deixa, a rotina, que é o hábito em si, e a recompensa.

            Entenda a rotina.

            Comece analisando a rotina: você para o trabalho, vai até a lanchonete, compra o doce e volta para comer e conversar com seus colegas.

            Descubra qual a recompensa

            Agora que você já entende a rotina do hábito, pense em qual pode ser a recompensa? Conversar com pessoas? Mudar de ambiente? Comer um doce?

            Faça testes! Ao invés de sair pra comprar um doce, traga um na mochila e você descobrirá se a recompensa é apenas comer um doce, ou experimente caminhar até a mesa de um colega e conversar por alguns minutos e descobrirá se a necessidade é de conversar. Experiente ir até a lanchonete e pedir um café e você descobrirá se é uma necessidade de mudar de ambiente.

            Encontre a deixa.

            O próximo passo é tentar encontrar a deixa que ativa a rotina automática do hábito. A maioria das rotinas se enquadra nesta lista:

Lugar

Hora

Estado emocional

Outras pessoas

Ação imediatamente anterior

Quando sentir a vontade de caminhar até a lanchonete. Comece a fazer estas perguntas a si mesmo:

Onde eu estou?

Que horas são?

Qual meu estado emocional?

Quem está comigo?

O que eu acabei de fazer?

            Anote as respostas e possivelmente você terá a resposta sobre qual a deixa está ativando a rotina!

                        Se você parar pra pensar, vai encontrar centenas de hábitos diários que você possui e nem mesmo se dava conta. O primeiro passo para começar a mudar os seus hábitos é se tornar consciente deles!

            Espero que esta leitura tenha sido útil àqueles que chegaram até aqui!