Marla Bueno's profile

Vestido experimental - Moda + Arquitetura

Colagem de inspiração
UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
IAD – INSTITUTO DE ARTES E DESIGN
PROFESSORA MÔNICA QUEIROZ NEDER
ART341A – ATELIÊ DE CRIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA FORMA
ALUNOS: LUCAS ALMEIDA, MARIA EUGÊNIA, MARLA BUENO, THAIS ALVIM


Título: Johan Sebastian Bach Chamber Music Hall

Tema e Justificativa:
A proposta do trabalho é criar um vestido incorporando parâmetros de nossa escolha, mas que dialogassem com algum trabalho de Zaha Hadid. Trabalho este que foi proposto como possibilidade de projeto. Dentre as opções, escolhemos Johan Sebastian Bach Chamber Music Hall, Manchester, UK. A ideia é justamente explorar o estado dinâmico e mutável das formas e trazer esse conceito para o nosso vestido. Tínhamos quatro parâmetros para escolher. Continuidade, Clareza na Estrutura, Alcance Visual e Diferenciação Visual. Para ter uma coerência com o trabalho de Zaha, escolhemos Continuidade, Alcance Visual e Diferenciação Direcional. O trabalho da arquiteta apresenta dinamismo, fluidez, assimetrias, e sobreposições. Por isso, para manter essa conversa com o projeto arquitetônico, elegemos estes três para protagonizarem nosso trabalho

Análise do Tema:
Ao fazer a relação moda e arquitetura, é necessário além de inspiração estética, apropriar de alguns parâmetros arquitetônicos para que a construção de moda se torne mais interessante. De acordo com a construção da arquiteta Zaha Hadid, o grupo definiu os seguintes parâmetros: continuidade (repetição de ritmo); alcance visual (transparência ou sobreposições); diferenciação direcional (assimetria);

Processo de Criação

Primeira semana:
Na primeira semana o grupo decidiu qual obra seria trabalhada. Escolhemos JS Bach Chamber Music Hall. Primeiramente, fizemos uma colagem com fotos de diversos ângulos do trabalho de Zaha Hadid, de forma que pudéssemos fazer uma analise mais precisa dos parâmetros que usaríamos no vestido. Ao fim da analise, decidimos por Continuidade (que se trata da repetição de um ritmo), Alcance visual (transparência ou sobreposição das estruturas) e diferenciação direcional (assimetrias presentes na obra). O material para a confecção da roupa ficou por conta do americano cru. Compramos dois metros e meio de tecido e uma caixa de alfinetes de cabeça Milward numero 29 para a fixação no manequim Draft Manequins Industriais.
Neste momento nos reunimos para os primeiros esboços. Num processo de experimentação, muito do que foi planejado se perde no decorrer da prática, e não foi diferente com este projeto. Os esboços, que eram fieis aos parâmetros, foram modificados com o passar das semanas. O que não diminui nem um pouco o valor do trabalho como objeto experimental e prática.

O primeiro momento de construção é o mais complicado. O grupo não possuía muita experiência, mas com orientação, as primeiras formas nasceram. Com os alfinetes, fixamos o tecido à silhueta do manequim fornecido pela disciplina. Nesta primeira semana, nos preocupamos em resolver a parte de cima do vestido. Marcar a cintura e agilizar o máximo possível.

Segunda semana:
Na segunda semana focamos em como resolver a parte de trás e a cauda. Soltamos os alfinetes de trás para repensar em uma maneira melhor de solucionar a forma da cauda, que até então, tinha ficado confusa e mal elaborada. Durante o processo também descartamos algumas possibilidades, como a que surgiu nessa segunda semana, sobre possíveis tiras da cauda que retornam ao vestido, em um ponto superior. Mas com os testes vimos que não era interessante.
A cauda estava volumosa, havia marcação de continuidade e a resolução da cauda ficou por conta do alcance visual ao utilizarmos fendas na parte da frente do vestido. Fechamos a barra da frente, de forma que o volume ficasse interessante e contemplasse a mudança direcional proposto pelo parâmetro escolhido. Recortamos os desfiados da barra com Tesoura Mundial, tesoura para tecidos. Demos bainha na barra. A fita crepe ocupa seu lugar no projeto, fixando as dobras de baixo para que houvesse uma harmonia com as dobras da parte de cima. A fita foi colocada por dentro, para que não ficasse amostra. Encerramos, ou melhor dizendo, resolvemos a primeira parte do vestido. Agora os trabalhos seriam voltados ao detalhe no ombro.

Terceira semana:
Na terceira semana focamos no ombreiro, e para isso foi necessário mais um metro de americano cru. Experimentações foram feitas. Foi um momento de teste para ajustar e até modificar a ideia inicial. Após colocar o tecido no manequim (sem fixá-lo com alfinetes), fizemos oito dobras para enfatizar a questão do volume, a sensação da continuidade e ritmo. Colocamos alfinetes nessas dobras para que não desmanchassem enquanto eram feitas. Para que essas dobras ficassem mais bem definidas, passamos o ferro a vapor Westman. Após isso retiramos os alfinetes das partes dobradas. O americano cru foi colocado no manequim para testar a parte superior. Enfrentamos dificuldades para manter e chegar a forma desejada. Cortamos parte do tecido que era desnecessário. Na parte posterior do manequim, tivemos que solucionar um excesso. Para trabalhar isso, brincamos com a forma do mesmo, e assim a estrutura ganhou um leque.

Análise do objeto (analogia com a análise de forma inspiradora):
Quando analisamos a obra de Zaha Hadid, o primeiro elemento que nossos olhos se atentam é o dinamismo dos arcos. Concebida especialmente para abrigar apresentações solo de JS Bach, a estrutura  aumenta  a multiplicidade da música, criando assim um espaço fluído e íntimo para o músico e seu público. Além da funcionalidade acústica do lugar, a estética se entrega à continuidade de um ritmo mais plástico. Foi baseado nessa característica que elegemos o parâmetro Continuidade para dirigir as formas do nosso vestido. As primeiras duas semanas foram dedicadas à parte do corpete, saia e cauda. A silhueta era a direção na parte inicial, e para manter coerência com o parâmetro da repetição de um ritmo, optamos por não cortar em nenhum momento o americano cru utilizado para a confecção da veste. Se não houve corte, não houve ruptura. Reaproveitamos as sobras e fizemos disso uma oportunidade de criar novas formas contínuas no manequim.
Esses arcos que envolvem a estrutura são na verdade, membrana de tecido translúcido articulada por uma estrutura interna de aço suspensos a partir do teto. Ondulando em um ritmo constante, mas mudando à medida que ele é esticado sobre a estrutura interna. Grosseiramente falando, a arquitetura cria um casulo que envolve o palco e o público. Essa grandeza das formas, sobreposições dos elementos, foi o responsável pela escolha do alcance visual como um segundo ponto a seguir no projeto. As fendas protagonizaram essas sobreposições das formas, e o volume também foi artifício para entregar ao trabalho um caráter mais estrutural. As mudanças de direção encontradas no Music Hall, ganharam espaço no vestido. A assimetria e a falta de uma direção predestinada contribuem para a criação de um vestido mais interessante e mais coerente.

Conclusão (aprendizado, erros e acertos):
No começo do projeto, logo na primeira semana, ficamos perdidos no sentido de como começar a manusear no manequim, mas com a ajuda da monitora Rafaella iniciamos o nosso trabalho.
Como já dito, primeiramente, fizemos um esboço do vestido e a partir dele, desenvolvemos o trabalho. Nas primeiras tentativas, aprendemos como manipular e como se comporta o algodão cru e por isso fizemos várias modificações de forma que o resultado fosse o melhor possível: com melhor caimento e acabamento.
Durante as semanas, depois de vários experimentos decidimos pelo resultado final, sempre mantendo o conceito do primeiro esboço e acreditamos que isso foi um dos nossos acertos, já que não ficamos apegados ao esboço, e sim numa diretriz e estilo a se seguir. A prática permite uma exploração e criação que, muitas vezes, falta nos esboços.
Pensamos que essa experiência foi um dos melhores trabalhos práticos feitos no curso por nós. A técnica moulage, apesar de ser cansativa, é muito gratificante e prazerosa, sendo que foi a primeira vez que trabalhamos com ela. Ficamos muito contentes com o resultado final e ultrapassou as nossas expectativas.
Vestido experimental - Moda + Arquitetura
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Vestido experimental - Moda + Arquitetura

Vestido de tecido americano cru feito para a matéria Atêlie de Construção da Forma apenas com alfinetes no manequim.

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