A proposta da criação um Galpão Gastronômico (Centro Gastronômico de Capacitação e
Empreendedorismo Social) surgiu a partir da identificação de uma potencialidade gastronômica na área, somada a necessidade de estimular o desenvolvimento social dos atores mais vulneráveis do território estudado, para atender a vocação latente encontrada, que foi a arquitetura social. O equipamento proposto busca incluir e dar visibilidade a esses atores, os empoderando e auxiliando na conquista de uma autonomia financeira, através da aplicação do conceito de empreendedorismo social. O centro
também funcionará como atrativo turístico, através de um salão gastronômico, onde os visitantes poderão conhecer a culinária regional, que será desenvolvida por chefs, voluntários e alunos. Seguindo a ideia do empreendedorismo social, cada prato servido para o público geral valeria uma refeição gratuita para a população vulnerável da área.

EQUIPAMENTO

A escolha por manter a estrutura e coberta originais do galpão se deu a partir da intenção de preservar a memória coletiva sobre os antigos armazéns do Cais de Santa Rita, o que acabou sendo um ponto de partida para o projeto, em conjunto com a ideia de trazer a regionalidade e a rusticidade para o equipamento, que enfatiza a culinária nordestina. Em busca de eliminar a sensação de barreira visual gerada pelos galpões, aplicou-se a ideia de permeabilidade visual, que se materializou através dos cobogós - que também trazem a citada regionalidade - e da criação de um vazio horizontal, que conecta o Galpão Gastrômico ao galpão conjugado que será o Centro de Educação Financeira, além de gerar uma abertura para a rua. O equipamento possui, então, duas entradas: a entrada para o salão do restaurante e a entrada lateral, que dá acesso direto a área educacional, administrativa e ao auditório, além da biblioteca que seria aberta ao público geral. A área educacional é composta por salas práticas e teóricas, que servem aos cursos de confeitaria, panificação, conceitos e valores da ecogastronomia, oficinas sobre a reciclagem de resíduos, agricultura biodinâmica, técnicas de cocção e manipulação de utensílios, além de cursos específicos para impulsionar o desenvolvimento social. Na entrada para o restaurante optou-se pela demolição dos anexos existentes, dando lugar a uma praça, que convida os transeuntes a visitarem o local. Uma das intenções do projeto foi que os alunos pudessem aprender ao experienciar o equipamento, mesmo nas áreas não-educacionais, como é o caso da arquibancada/escada voltada para a cozinha,
permitindo que as pessoas vejam como funciona a cozinha na prática.
Ao dar um uso aos galpões subutilizados do Cais de Santa Rita, área estratégica que recebe um grande fluxo de pessoas diariamente, contribui-se para a diversificação dos usos na área, o que poderia gerar o enriquecimento da dinâmica urbana e, consequentemente, aumentar a sensação de segurança no local, além de servir como uma nova fonte de capital para a economia local, através do turismo e das
vendas diretas.