Cachoeirinha

"Meu nome é Maria do Carmo, em Viçosa e redondeza sou conhecida como Mãe Du. Eu sou nascida aqui mesmo, nasci no centro da cidade, nasci na rua Ruy Barbosa, fui criada aqui até os 11 anos, com 11 anos meu avô faleceu, fui morar no Rio de Janeiro. Morei lá muito tempo, lá casei, lá tive 2 filhos e tô aqui com a idade de 61 anos. A espiritualidade ninguém vai por amor, a maioria vai pela dor, vai por necessidade. As vezes não é uma dor carnal, mas automaticamente a dor é consigo próprio e a espiritualidade tá cobrando. E se ela cobrou, cê tem que pagar, não adianta, cê tem que ir, cê tem que caminhar, cê pode ir pra lá, cê pode ir pra cá, pular pra lá... se a espiritualidade falou, ela sempre fala mais alto, ela fala mais alto que todas as religiões. E a espiritualidade, nós - que trabalhamos com a igualdade, com a espiritualidade, com a natureza -(somos os últimos) somos os únicos que preservam a natureza"
"A natureza trouxe e aqui estamos né. E a luta não foi fácil não: luta, preconceito, discriminação, muito trabalho. Passei muita necessidade, mas nunca desisti da luta não. Aí quanto mais a gente vai aprofundando dentro da espiritualidade, a gente vai aprendendo mais as coisas. E, eu estou uns 12 anos, eu conheci o Projeto Troca de Saberes, então foi aí dentro da Troca de Saberes que o meu reconhecimento cresceu mais e aqui estamos até hoje aí na luta, nessa pandemia agora né, o ano passado a gente viajou muito, passeou muito, conheceu muitas comunidades quilombolas e outras comunidades também, novas pessoas né, e a gente saiu aí num resgate ancestral: de rezas, saberes, sementes; e aqui tô eu"
"O candomblé, ele tem suas separações, sua diversidade, por causa que é de cada lugar que o povo vem. Então, cada um vem trazendo a sua fé. É o candomblé, cada um trabalha de um jeito, cada linhagem, cada nação trabalha de um jeito. É porque é o jeito que trabalhava lá nossos antepassados nas cidades deles né. Na verdade nós somos filhos de Reis e Rainhas. E nós trabalhamos mais com o que, com as folhas, com as ervas; e o candomblé tem matança, não sou contra matança não, que é necessário, matança é vida né."
"A natureza tem dono, tudo tem dono. Às vezes cê acha assim: essa folha é veneno, mas se você ir lá e conversar com ela, ela vai te curar. Então, eu, dentro da espiritualidade, cada dia que passa, eu tô me sentindo mais, assim, mais realizada, com mais força de trabalhar dentro da espiritualidade, porque a gente vê resultado do que tá fazendo e isso é muito importante."
Capuchinha, planta alimentícia não convencional muito utilizada a dieta de algumas comunidades quilombolas.
Ora-pró-nóbis, outra planta alimentícia não convencional muito utilizada tanto para alimentação tanto para fim medicinal.
Jatobá, planta tanto comestível quanto utilizada para fins medicinais. Também serve como um estimulante semelhante a cafeína.
Azedinho, outra PANC (planta alimentícia não convencional).
Cachoeirinha
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Cachoeirinha

Exposição fotográfica composta por imagens captadas em comunidades quilombolas da Zona da Mata mineira, entre elas, comunidades certificadas e nã Read More

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