Buiéié

"Nos dias atuais, ser quilombola, é ser resistência. A gente sempre lê nos livros de autores que falam sobre comunidades quilombolas, que o quilombo foi um lugar de resistência, de liberdade e que contempla esse passo a ser um espaço cultural. Como se todos os grandes conflitos tivessem encerrados após a abolição. Mas eu entendo e vejo que a escravidão não se encerrou, porque o sistema capital se adaptou a evolução, a escravidão não acabou, ela só tomou outra forma. Ah, nós não sofremos mais debaixo da senzala, do porão. A gente não sofre mais o castigo direto da mão do capitão do mato, da mão do do fazendeiro, do latifundiário, mas a gente sofre com a falta de comida, com a falta de saúde, de educação, de segurança, a gente que sofre com preconceito, a gente sofre com racismo, com machismo, a gente sofre com a falta de acesso à terra, com a falta de garantia aos direitos que estão descritos na constituição, nas diversas leis de proteção aos povos e comunidades quilombolas."
"Buscamos ressignificar o sentido de quilombo, e como também um espaço de bastante cultura, de manifestações socioculturais, de produção de conhecimento ancestral, de agroecologia e de luta pelos direitos das populações historicamente oprimidas e ter a independência e autonomia dos povos e comunidades quilombolas. Então, hoje a nossa luta é pra ter visibilidade pro nosso povo, respeito, a nossa história, entendendo que nós conformamos aí um dos maiores patrimônios do município de Viçosa, que é o povo negro, que foi escravizado e que foi a, foram aqueles que solidificaram, construíram, deram base pro município de Viçosa ser o que é hoje, já que essa, esse município foi construído a partir de mão de obra escrava."
"Então, essa ancestralidade, ela se manifesta de várias formas diferentes, né? E a gente sente no momento que a gente encontra outros quilombolas e percebemos que nós temos muitas características semelhantes, porque o nosso povo, embora tenha suas especificidades de acordo com a região onde está, todos conformam o mesmo grupo, que é um grupo que sofre, né? Pela opressão histórica, mas que luta também pela liberdade e pelo respeito, pela contribuição que tiveram pra formar o que hoje é território brasileiro."
"E principalmente, nós estamos aqui porque todos formamos um. E por isso continuamos na luta pra mostrar pra população e pra sociedade que as comunidades quilombolas formam junto com indígenas, com pobres comunidades tradicionais, ribeirinhos, fundo de pasto, faxinalense, vazanteiros, raizeiros, a base do que é a sociedade brasileira, a sociedade brasileira não é essa elite que tá aí, que é uma minoria em número e que se diz maioria. A sociedade brasileira é aquela que está no campo, na favela, na nas periferias, nas aldeias indígenas, nas encostas, né? Nas beiras de rio. Esse é o povo que forma o Brasil, isso quer uma ação dos grupos que compõe aí essa diversidade. Você quilombola hoje vai ser resistência."
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Exposição fotográfica composta por imagens captadas em comunidades quilombolas da Zona da Mata mineira, entre elas, comunidades certificadas e nã Read More

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